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Um dos mais antigos de SP, teatro é conquista da população de Jundiaí

Edilson Dantas/Folhapress
Plateia do Teatro Polytheama, no centro de Jundiaí
Plateia do Teatro Polytheama, no centro de Jundiaí

Bem no centro de Jundiaí, entre as rodovias Anhanguera e Tancredo Neves, uma construção de 104 anos se mantém firme enquanto a cidade cresce ao seu redor -para os lados e para cima.

Em uma rua cheia de histórias, com casas tombadas, museus e uma pinacoteca, o Teatro Polytheama é responsável por boa parte delas.

Inaugurado em 1911, ano da abertura do Theatro Municipal de São Paulo, é o terceiro mais antigo do Estado e já foi considerado o maior do interior. Na época de sua abertura, podia receber até 3 mil pessoas por espetáculo.

Hoje, com a capacidade reduzida para 1.124 lugares, o espaço mostra sua história nas paredes, com pôsteres de peças e filmes exibidos desde 1916. A agenda de novembro só tem sete dias em branco entre peças, concertos, musicais e espetáculos de dança. Num corredor ao lado da entrada, uma galeria de arte recebe novas exposições mensalmente.

TEATRO À VENDA

Mas nem sempre foi assim. Nos anos 1950, o "lugar de muitos espetáculos", como o significado de seu nome sugere, passou por uma crise e foi interditado e colocado à venda em 1968. Até essa data, já havia passado por três reformas.

Para o diretor de Patrimônio Histórico e Cultural de Jundiaí, Donizetti Aparecido Pinto, uma série de fatores levou o Polytheama a fechar as portas. "Ele foi desativado pela falta de manutenção, falta de interesse do poder público, falta de valorização daquele patrimônio", diz.

No início da década de 80, a administração municipal adquiriu o espaço e o integrou ao patrimônio histórico de Jundiaí. A restauração do Polytheama, que continuava fechado e em estado precário, começou a ser discutida quando a prefeitura convidou a arquiteta Lina Bo Bardi - que projetou o Masp e o Sesc Pompeia- para coordenar o processo. A reforma, no entanto, não saiu do papel.

Anos mais tarde, em 1994, Cláudia de Queiroz, 47, era diretora musical da adaptação de "Os Miseráveis", de Victor Hugo. Ela fazia parte da Cia. Canto Vivo. Depois de o grupo se apresentar em vários espaços de Jundiaí, surgiu a ideia de fazer uma apresentação nas ruínas do teatro.

A trupe negociou por dois meses com a prefeitura. Bombeiros fizeram inspeções, interditaram passagens que não eram seguras e liberaram parte do salão -onde hoje ficam o palco e as cadeiras- para a peça.

Os integrantes fizeram reformas no banheiro e instalaram as luzes que conseguiram. Nos três dias de apresentação, em dezembro de 1994, os 750 convidados entraram segurando velas. "Foi emocionante, um marco para a cidade, para nós", diz Cláudia.

Os jornais noticiaram o espetáculo. O projeto de restauração coordenado por Bo Bardi foi retomado e finalizado sem a presença da arquiteta, que morreu em 1992.

Dois anos depois, o Polytheama reabriu. Em 2012, foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Arqueológico Artístico e Turístico).

Hoje, segundo a diretora Heloísa Oliveira, o espaço recebe cerca de 100 mil espectadores por ano.

Para Aparecido Pinto, "o personagem mais importante dessa história é a população de Jundiaí, que reconhece o teatro como um bem cultural". O espaço fica na rua Barão de Jundiaí, 176, centro. Informações: (11) 4586-2472.

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