Fora da temporada, a população de Praia Grande, no litoral sul de São Paulo, beira 300 mil pessoas. No verão, graças aos turistas, o número ultrapassa um milhão.

A sazonalidade populacional se repete em todo o litoral e é um dos motivos que levam aos problemas de infraestrutura tão comuns na região, como a falta de água.

"É difícil porque ou a cidade tem um potencial de atendimento superdimensionado na maior parte do ano ou faltam recursos no verão", diz o professor de economia da UniSantos José Pascoal Vaz.

No litoral sul, uma das reclamações frequentes é a falta de segurança. "Quando faço minha caminhada na praia não levo nada, só a chave. Não dá pra dar moleza", afirma a professora de ioga Adriana Iacovone, 45, moradora do Guarujá.

Apesar dos números de ocorrências nas cidades do litoral (como roubos, furtos ou homicídios) serem inferiores à média do estado, os casos se concentram na temporada, segundo Guaracy Mingardi, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Além disso, é provável que a subnotificação -ocorrências não relatadas à polícia- seja maior na praia. "É presumível que as pessoas não queiram atrapalhar suas férias para fazer um boletim de ocorrência em casos de crimes leves", afirma Mingardi.

Outro problema é a água -ou melhor, a falta dela. Iacovone diz que nos últimos anos não chegou a faltar no Guarujá. "Mas diminuem a pressão, às vezes só sai água por uma torneira da casa".

Segundo a prefeita Maria Antonieta de Brito (PMDB), "desde que foram feitos investimentos em uma estação de tratamento, em 2013, não há problemas significativos".

O prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão, também garante que não falta água por lá. "Apartamentos com, em média, três pessoas durante o ano acomodam dez na temporada. Se cada um toma dois banhos, o reservatório do prédio pode não dar conta. Mas na rede não falta."

Frente à sazonalidade, as prefeituras tomam uma série de precauções. Os contratos de coleta de lixo, por exemplo, estipulam maior frequência do serviço durante a temporada. A Operação Verão, da Polícia Militar, também aumenta o número de policiais nas cidades. Guarujá, por exemplo, receberá 450 policiais militares.

Mingardi concorda que deva haver sazonalidade na distribuição do efetivo. Ele alerta, porém, que é preciso investir na integração entre as forças estadual e municipal, que estão lá todos os dias e já conhecem a população.