Alphaville/Tamboré

Imóveis econômicos de dois ou três dormitórios mudam o perfil do centro de Alphaville

Raquel Cunha/Folhapress
Vista do Beat Alphaville, prédio novo com o m² médio mais caro da região: R$ 8.649
Vista do Beat Alphaville, prédio novo com o m² médio mais caro da região: R$ 8.649

Se depender dos últimos empreendimentos anunciados em Alphaville e Tamboré, na Grande São Paulo, a região poderia deixar de ser conhecida como o lugar das casas milionárias.

Nos últimos cinco anos, 54,5% dos imóveis lançados por lá são de médio padrão (custam até R$ 699 mil), de acordo com a consultoria imobiliária Geoimovel.

Segundo dados levantados a pedido da Folha, o preço médio do metro quadrado de apartamentos novos na região (R$ 6.928) é 40% mais barato do que na Vila Leopoldina e 20% mais barato do que no Jaguaré, bairros da zona oeste da capital, a mais próxima de Alphaville. Em comparação com toda a cidade de São Paulo, os lançamentos por lá custam, em média, 15% a menos.

Mesmo econômicos, os prédios incluem luxos e facilidades comuns a prédios de luxo. O Beat Alphaville, da ACS Desenvolvimento Imobiliário, tem piscina, academia, salões de festas e de jogos e até praça da fogueira.

"O produto é compacto, mas atende a diversos perfis de compradores. São jovens começando a vida, profissionais transferidos para empresas importantes da região, jovens casais e divorciados", explica Samantha Puig, gerente da incorporadora. Os imóveis, de 47 m² e 65 m², custam, em média R$ 8.250/m² -o valor mais alto entre os imóveis novos à venda na região.

Raquel Cunha/Folhapress
Piscina do edifício Beat Alphaville
Piscina do edifício Beat Alphaville

CLASSE MÉDIA

A chegada da classe média a um local marcado por mansões pode ser explicada, em parte, pela instalação de grandes empresas no miolo de Alphaville. O polo empresarial atraiu profissionais que decidiram viver na cidade, mudando a cara do lugar.

"São pessoas com menor poder aquisitivo que conseguem comprar em Alphaville um imóvel confortável por um preço mais baixo do que em um bairro nobre da capital", afirma Celso Petrucci, economista do Secovi (sindicato do setor imobiliário).

A maior parte dos imóveis novos à venda (70% do total) tem dois e três dormitórios. Segundo Celso Amaral, diretor da consultoria Geoimovel, esses empreendimentos passaram a atender principalmente executivos e pessoas com mais de 40 anos.

"As empresas ajudaram a moldar um perfil de morador mais maduro. Além disso, a infraestrutura local melhorou, principalmente com a chegada de shoppings. É uma alternativa à loucura de São Paulo", afirma Amaral.

O gerente comercial Felipe Augusto Silva, 34, saiu da zona leste da capital para morar próximo ao local de trabalho, em Alphaville. O estresse diário causado pelo trânsito foi um dos fatores decisivos para a mudança.

No fim, o negócio foi tão bom que ele decidiu investir em outros dois apartamentos na mesma região.

"Apertei o orçamento para comprar os imóveis ainda na planta. Acredito que, quando a economia recuperar, terei feito um bom negócio para garantir uma renda extra no futuro", diz.

Celso Petrucci, do Secovi, explica que os preços podem ser atraentes, mas que, antes de comprar, é preciso considerar o revés de morar em um lugar onde o acesso é feito por vias muitas vezes congestionadas, como a marginal Tietê, o Rodoanel e a rodovia Castello Branco.

"O trânsito carregado pode ser um transtorno para quem ainda tem a vida profissional ou acadêmica em São Paulo. A vida social também pode ser afetada. Tudo isso tem que ser pesado antes de decidir pela compra de um apartamento."

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