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Busca por refúgio fora da capital deu origem à Granja Viana, na Grande São Paulo

Acervo "Site da Granja"/Divulgação
Igreja de Santo Antônio, considerada o marco zero da Granja Viana, às margens da Raposo Tavares, nos anos 1950
Igreja de Santo Antônio, considerada o marco zero da Granja Viana, às margens da Raposo Tavares, nos anos 1950

Não é de hoje que a busca por um local com clima de chácara localizado próximo à capital paulista atrai moradores para a Granja Viana.

Situado entre os municípios de Cotia e Carapicuíba, na Grande São Paulo, o distrito despertou a atenção dos paulistanos na década de 1950, quando houve loteamentos de terras na região.

A primeira divisão aconteceu na fazenda de Carapocuyba, propriedade do empresário Niso Vianna, em 1951. Vianna convidou integrantes da elite paulistana a comprarem lotes de suas terras na então chamada de Vila Santo Antonio de Carapicuíba.

Segundo o historiador João Barcellos, o crescimento imobiliário que houve à época na capital impulsionou a busca por áreas fora da cidade. "Vianna viu aí uma oportunidade", conta o autor do livro "Granja Viana" (edição esgotada). Grande parte das chácaras construídas eram usadas como "refúgio" da metrópole aos finais de semana.

Além da Carapocuyba, existiam outras duas fazendas na Granja Viana: Cabanas e Lindeira. No entanto, de acordo Barcellos, foi a propriedade de Vianna a responsável por impulsionar o desenvolvimento no local.

Como homenagem à família, a região ficou conhecida pelo sobrenome, adotando depois a grafia com um "n".

Vianna construiu a primeira escola do local. Catarina Del Santo de Oliveira, 98, moradora da Granja há 70 anos, foi a recrutadora dos estudantes. "Percorri a cavalo cada aldeia em busca de alunos para formar três salas de aula", relembra ela, que até hoje é chamada de "vó" pelos ex-alunos.

Em 1962, Vianna contratou ainda o médico, o paranaense Valter Stoiani, 78, para atender a população.

"Eu era assistente social, pediatra, clínico e fazia pequenas cirurgias", conta Stoiani, que adquiriu um dos lotes da família Vianna e vive no local há 54 anos.

CRESCIMENTO

A instalação de um parque industrial na região na década de 1960 impulsionou o primeiro "boom" imobiliário na década seguinte, após a morte de Vianna. Nessa época também houve a duplicação da rodovia Raposo Tavares, tornando o deslocamento para a capital mais rápido.

No entanto, segundo Silvio Soares Macedo, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, a capacidade da rodovia não acompanhou o crescimento populacional dos últimos anos, que saltou de 148.987 habitantes em 2000 para uma estimativa de quase 230 mil em 2015, de acordo com o IBGE.

O trânsito na rodovia é tido como um dos maiores problemas enfrentado pelos moradores. "É preciso uma nova forma de ligação à Granja", afirma Macedo. "É o local de maior crescimento de condomínios fechados da Grande São Paulo."

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