Apartamento compacto de luxo domina o mercado em Campo Belo
No Campo Belo, zona sul de São Paulo, apartamentos pequenos não são sinônimo de economia. Com uma demanda crescente e uma oferta baixa, o preço médio do metro quadro de um imóvel de um quarto pode chegar a quase R$ 14 mil.
São os chamados "compactos premium", que apesar de da metragem reduzida, estão instalados em bairro nobre e incluem regalias à la carte, do tipo "pay-per-use".
Esse modelo de imóvel corresponde a 76% das unidades lançadas na região nos últimos cinco anos, um pouco mais de 2.780 unidades. Dessas, sobram em estoque 660 apartamentos.
Diego Padgurschi/Folhapress | ||
Salão de jogos do prédio Air Campo Belo, com unidades de 45m² a 49m², da Even |
Desde 2011, o perfil do bairro mudou. As construtoras passaram a investir mais em imóveis pequenos, deixando de lado os grandes apartamentos voltados para famílias, diz Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi (sindicato do setor imobiliário).
A mudança aconteceu para atender um novo público, formado por jovens casais e empresários. Eles são atraídos pela facilidade de acesso a polos empresariais, como as avenidas Roberto Marinho e Engenheiro Luís Carlos Berrini, e a proximidade com o aeroporto de Congonhas.
Isso gerou a valorização da região. Dados da consultoria Geimovel apontam que o metro quadrado sai hoje por R$ 13.420. Em 2011, esse valor era de cerca de R$ 8.000.
De acordo com Petrucci, como os empreendimentos de alto padrão passaram a ficar caros demais, o negócio foi diminuir a metragem para continuar a oferta. "Foi uma forma que o mercado encontrou de continuar vendendo para quem tem o Campo Belo como desejo", diz.
A exigência por imóveis compactos na região é considerada "natural" por Celso Amaral, diretor da Geoimovel. Ele alerta, porém, que investir na região pode não ser uma boa. "São poucos imóveis e com preço alto. Compensa para quem quer morar, e não alugar ou revender."
VANTAGENS
Para conquistar o novo público, as construtoras oferecem atrativos como salas de reunião, lavanderia coletiva e prédios com design.
A Odebrecht está investindo pela primeira vez no bairro. O empreendimento Estação Gabriele, em fase de construção, tem apartamentos de 36 m² a 65 m².
"Nosso público tem o perfil jovem. Oferecemos espaços como o home Office, onde qualquer morador pode reservar e até realizar reuniões de trabalho", conta Juliana Monteiro, diretora de incorporações da empresa.
Quem segue a mesma linha é a construtora MAC, que oferece imóveis de até dois quartos. "O Campo Belo é um bairro tradicionalmente familiar, com infraestrutura consolidada e que atrai um comprador que não quer um apartamento grande, mas que deseja morar na região por suas vantagens", afirma Ricardo Moraes, gerente comercial da empresa.
A aposentada Lúcia Batti Roque, 65, é moradora do Campo Belo há 30 anos e recentemente trocou um apartamento de quatro dormitórios por um compacto. Ela tece elogios ao bairro, mas faz ressalvas a verticalização da região. "Foram construídos muitos prédios. Por um lado isso foi positivo, trouxe uma diversificação no comércio, mas, por outro, o trânsito ficou caótico", diz.