O setor de serviços em Campo Belo (zona sul) tomou uma nova direção na última década. Antes concentrado nos corredores principais, como as ruas Vieira de Morais e Jesuíno Maciel, o comércio se espalhou por vias transversais e se diversificou.

Além de lojas de R$ 1,99, mercados, padarias e hortifrútis –350 estabelecimentos ao todo–, hoje o bairro concentra muitos pet shops e bares.

"Há quase um pet shop por quarteirão. Calculamos que existam em torno de 15 a 20 no bairro. Comparado com outras regiões, é um volume grande", diz Luiz Augusto Gonçalves Barbosa, superintendente interino da distrital sul da Associação Comercial de São Paulo.

	Raquel Cunha/Folhapress
	Prédios novos na rua Pascal, no Campo Belo, zona sul de São Paulo

Para Ronie Daniel Guidini, 34, sócio do hospital veterinário Vet Quality, que está instalado no bairro desde 2007, houve um 'boom' de clínicas e lojas para animais.

Segundo ele, a maior demanda do hospital vem de moradores de outros bairros, como Interlagos, Moema e Jabaquara. "Acho até que a oferta hoje é maior que a demanda. Vejo alguns pets fechando", afirma.

Guidini, que também é morador da região, tem a percepção de que bares e restaurantes se alastraram por lá."Era um bairro deficiente nesse aspecto e hoje é o que mais vemos abrindo por aqui", diz.

A rua Gabriele D'Annunzio, por exemplo, já concentra várias unidades. É o caso do restaurante italiano Sensi Gastronomia, aberto em 2014, e da hamburgueria Burger Table, inaugurada em 2015. Ambos são do chef Manuel Coelho, 48, que também vive no Campo Belo.

"Sentia falta de bons lugares para comer. Tínhamos que ir até o Itaim ou Jardins, o que nos desanimava bastante. Disso surgiu a ideia de abrir os negócios", diz.

Segundo ele, o principal público é o morador de Campo Belo, Chácara Santo Antônio e Granja Julieta.

Para Barbosa, o bairro se tornou uma extensão de Moema e Brooklin, com a vantagem de ser mais perto do aeroporto de Congonhas. "Eles querem ter essa comodidade de poder comprar sem se locomover demais", explica.

ZONEAMENTO

Com a nova lei de zoneamento, aprovada na Câmara, algumas zonas comerciais importantes do Campo Belo vão se tornar definitivamente mistas, com moradia e comércio convivendo juntos.

É o fim de uma novela que já dura dez anos. Em 2006, os moradores conseguiram que a Justiça não permitisse a instalação de comércio em uma área de 50 quadras.

"Os comerciantes que já estavam lá tiveram que entrar com liminares para poder trabalhar e seguem dessa forma até hoje", diz Barbosa.

Para Christian Bojlesen, do Conselho de Política Urbana, da Associação Comercial de São Paulo, a nova lei só vai reconhecer o que sempre existiu. "O Campo Belo sempre foi um bairro misto, com predominância de comércio de baixo impacto, e sempre teve ao longo de sua área comércios e residências convivendo juntos", afirma.