Campo Belo/Vila Mariana

Vila Mariana concentra templos para todo tipo de fé

A Vila Mariana não está na Bahia, mas é de todos os santos. Apesar de predominantemente católico, segundo o IBGE, o bairro da zona sul de São Paulo concentra uma dezena de templos religiosos. Há espíritas, batistas, evangélicos e hindus, entre outros.

Com isso, é possível encontrar vários credos na mesma via. Na rua Machado de Assis, por exemplo, dividem um mesmo quarteirão a Igreja Batista Blessing Brasil e a pentecostal Igreja Videira. Próximo há ainda a Suma Ching Hai –centro de meditação baseado em método do Vietnã.

De acordo com Fernando Londoño, professor de ciência da religião da PUC-SP, essa aglomeração é resultado dos processos urbanos dos últimos 40 anos, que facilitaram o acesso à região por vias como a avenida 23 de Maio.

"A presença de hospitais e colégios, somada à verticalização, deu visibilidade à região e atraiu uma classe média que tinha um interesse maior por diferentes credos", explica o professor.

Raquel Cunha/Folhapress
Igreja Nossa Senhora da Saúde, na rua Domingo de Moraes, Vila Mariana
Igreja Nossa Senhora da Saúde, na rua Domingo de Moraes, Vila Mariana

O sincretismo está presente inclusive dentro de algumas casas. É o caso da Centro de Iluminação Nosso Lar, que fica afastado do miolo do bairro. Trata-se de um grupo de práticas espirituais que incorpora tradições africanas, ciganas, bruxaria e catimbó.

Mesmo com tantas opções, Mariângela Gallucci, 61, que mora no bairro, prefere praticar a fé espírita em Moema, também na zona sul.

"Sei que o espiritismo é o que mais tem problemas com preconceito, e tem gente que usa o dom para outras coisas, então você tem que tomar muito cuidado onde você se coloca", afirma ela.

O engenheiro mecânico Osamar Tadeu Brasileiro, 69, morador do bairro há 30 anos, prefere observar os templos de longe e afirma que nunca presenciou nenhuma desavença entre diferentes religiões no bairro. "Aos fins de semana as anglicanas vão às casas dos moradores entregar folhetos, a gente recebe, tudo bem", diz.

ORIENTAIS

Os escritos tradicionais chineses na parede externa de um terreno na rua Rio Grande marcam a entrada do templo budista Tzong Kwan, uma das sete casas religiosas que transmitem ensinamentos de linhagens japonesas.

Na rua Morgado de Mateus, está a sede central da Igreja Messiânica Mundial do Brasil."Recebemos membros e missionários do país inteiro para cursos de aprimoramento", diz Humberto Matsumura, 48, gerente de comunicação da igreja.

A historiadora Célia Oi, da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, explica que medidas durante a 2ª Guerra Mundial determinaram um fluxo de imigrantes japoneses ao longo do que seria a linha azul do metrô onde, à época, passavam rotas de ônibus.

"Os japoneses da primeira geração de imigrantes foram obrigados a sair do centro da cidade. Então, eles foram para bairros como Ipiranga, Aclimação e Vila Mariana, onde os templos, igrejas e elementos da cultura oriental passaram a se concentrar", explica ela.

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