A história de urbanização da zona sul mostra que, onde o metrô passa, o mercado imobiliário vai atrás.

Foi assim na Vila Mariana, o primeiro bairro a receber os trens na capital, em 1974, e não é diferente no caso dos distritos Campo Belo e Santo Amaro, que abrigarão, nos próximos anos, as estações da linha 5-lilás.

	Raquel Cunha/Folhapress
	Vista geral do bairro Vila Mariana desde o empreendimento Essentials

O trecho completo atenderá a 780 mil pessoas por dia e terá integração com as linhas 1-azul (Santa Cruz) e 2-verde (Chácara Klabin), até o segundo semestre de 2017, além da já existente conexão com a 9-esmeralda da CPTM (Santo Amaro). A conclusão da estação Campo Belo, no meio da linha, que fará conexão com a 17-ouro, está prevista para 2018.

Depois de tudo pronto, a zona sul perderá apenas para a região central da cidade em conexões entre trilhos, com três linhas de metrô.

O urbanista Kazuo Nakano acredita que essas novidades aumentarão ainda mais o número de prédios nos bairros, que já contam com taxas de verticalização altas. Na Vila Mariana, 81% dos domicílios já são apartamentos.

"São áreas que terão transformação significativa nos próximos anos, tanto pelas obras de mobilidade quanto pela nova lei de zoneamento", diz Nakano.

Para Bruno Vivanco, vice-presidente da Abyara Brokers, é um movimento natural. "O metrô aumenta o interesse pela região", afirma.

Em Santo Amaro, construções surgem próximas às estações da linha lilás. A rua Doutor Antônio Bento, perto da estação Adolfo Pinheiro, ganhou espigões como o Spot Alto da Boa Vista, da Even, com lançamento previsto para junho. As unidades, de dois dormitórios, custam a partir de R$ 376 mil.

A região também contará com a linha 17-ouro do monotrilho, e fará conexão com a linha lilás, passando por Campo Belo, ligando o bairro ao aeroporto e à estação Morumbi da CPTM.

VALORIZAÇÃO

Entre os lançamentos no Campo Belo, em Santo Amaro e na Vila Mariana predominam os de padrão médio, com imóveis de até 89 m². Das 11.330 novas unidades, construídas nos últimos cinco anos, 64% têm essa característica, segundo a Geoimovel.

Ao lado da futura estação do metrô Campo Belo/Brooklin está o edifício Estação Gabriele, da Odebrecht, com apartamentos tipo estúdio, de 36 m² a 67 a m².

O engenheiro e urbanista Vagner Landi, 56, que vive no Campo Belo há 19 anos com a filha e a mulher, comprou um desses imóveis, que fica ao lado de onde ele morava.

"A região já é bem abastecida com serviços, há mercados, farmácias e bancos. Houve um boom nos últimos anos, e área se valorizou mais ainda com a construção do metrô e do monotrilho", diz.

Ele acrescenta, no entanto, que há problemas de infraestrutura urbana, sem falar no atraso das obras do monotrilho, obra cuja conclusão estava prevista para 2014.

O Metrô afirma, em nota, que há frentes atuando na construção de quatro estações do monotrilho, e que as demais tiveram obras abandonadas pelos consórcios que executavam o trabalho. As obras permanecem paralisadas até a realização de nova concorrência.