Itaim/Vila Olímpia

Moradores têm história de luta pelo bairro

Raquel Cunha/Folhapress
SAO PAULO - SP - 13.04.2016 - Especial Morar Vl Olimpia e Itaim. Terreno onde funciona a APAE da Vl Olimpia. (Foto: Raquel Cunha/Folhapress, SUP-IMOVEIS) ***EXCLUSIVO***
Apae que faz parte do "quarteirão da cultura", no Itaim"

O Itaim Bibi tem uma longa história de mobilização de seus residentes para melhorias e preservação do patrimônio do bairro.

Em 2011, uma série de ações foi organizada para impedir a venda do chamado "quarteirão da cultura", área de 20 mil m² que reúne uma creche, duas escolas públicas (municipal e estadual), um teatro, uma biblioteca, um posto de saúde, um centro de atenção psicossocial e uma unidade da Apae (Associação de Pais Amigos dos Excepcionais de São Paulo).

O quarteirão fica entre as ruas Cojuba, Salvador Cardoso, avenida Horácio Láfer e rua Lopes Neto. A proposta era vender o terreno para dar lugar a cinco novos prédios e levar os serviços de interesse público para mais longe.

Foram coletadas 20 mil assinaturas, segundo o biólogo Helcias Bernado Pádua, 70, um dos residentes mais antigos do bairro, que esteve à frente do movimento SOS Quarteirão Itaim Bibi. A atriz Eva Wilma, moradora há 30 anos, também participou ativamente do grupo.

O executivo Walter Fontana, que apoiou o movimento, conta que mais de mil crianças das escolas e da creche teriam que ser realocadas com a venda do terreno. A maioria delas é filha de mães que trabalham nas residências e nos escritórios do Itaim e de bairros vizinhos.

Após as manifestações, a prefeitura voltou atrás e decidiu não vender o terreno.

A biblioteca Anne Frank e o teatro Décio de Almeida Prato se tornaram patrimônios públicos em novembro de 2015. Mesmo assim, o local ainda pode ser vendido, porque a lei 15.397/2011, que permite a alienação do terreno, continua em vigor.

Cinco anos depois da mobilização, um cartaz do movimento permanece estendido na rua Cojuba. "A luta continua. Não podemos deixar que outro prefeito volte atrás na decisão", afirma Pádua.

Agora, o grupo reivindica o tombamento de todo o quarteirão, tanto pela manutenção dos serviços públicos quanto por aspectos ambientais. No local há mais de 50 espécies de arbustos e árvores, segundo Pádua.

Neste ano, uma das conquistas foi a denominação da área como Zepec (Zona Especial de Proteção Cultural) pela Prefeitura de São Paulo, que tem como objetivo assegurar a proteção e a manutenção dos espaços culturais.

Entre as organizações que participam ativamente da preservação do bairro estão a Sociedade de Amigos do Itaim Bibi e Grupo Memórias do Itaim, que se mantém por meio de doações.

A cada dois meses são realizadas reuniões na associação do bairro, que conta com um comitê jurídico de seis advogados. Há também reuniões mensais com os moradores mais antigos, que trocam experiências na biblioteca Anne Frank.

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