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Antiga vila inglesa, Paranapiacaba tem casas do século 19

ANA LUIZA TIEGHI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nascida durante a construção da primeira ferrovia do Estado, a Santos-Jundiaí, no fim do século 19, a vila de Paranapiacaba, em Santo André, ainda guarda boa parte das construções de madeira que serviram de moradia para operários da obra, quase todos imigrantes europeus.

Na parte baixa da vila ficam as casas dos ingleses trazidos pelo empresário Barão de Mauá para comandar a obra. São construções de madeira, com varanda e paredes pintadas na cor vinho.

Do outro lado da linha férrea, a arquitetura muda. Lá viviam os operários, a maioria italianos, espanhóis e portugueses. É de Portugal que vêm o estilo das casas dessa parte do povoado: pé-direito alto, grudadas e coloridas.

No ponto mais alto da região está o Museu Castelo, um sobrado onde morou o engenheiro-chefe da ferrovia.

"Paranapiacaba foi pioneira na instalação de sistemas de água. Surgiu como uma vila planejada e moderna para o seu tempo", diz o historiador Eduardo Pin, 50, um dos quase 1.000 moradores da vila, segundo o IBGE.

O local já é tombado pelos órgãos municipal, estadual e federal de proteção ao patrimônio, mas as construções ficaram muito tempo sem receber manutenção. Agora, obras de restauro estão começando a ser feitas.

"Toda a parte baixa, a antiga colônia inglesa, vai ser restaurada, inclusive as 242 casas de moradores", diz Mateus Mota, agente cultural da Prefeitura de Santo André.

TURISMO

Aos fins de semana, Paranapiacaba vira atração turística. Desde 2010, a CPTM oferece um trem que faz a ligação da estação da Luz com a vila. É o concorrido Expresso Turístico, que sai aos domingos. Mais de 40 mil pessoas já foram para Paranapiacaba a bordo da locomotiva, fabricada na década de 1960.

A procura é tanta que, em média, há uma fila de espera de dois meses. O ingresso unitário, que vale para ida e volta, custa R$ 45.

Na vila, os turistas podem percorrer um circuito de museus, como o Museu Castelo e o Centro de Documentação em Arquitetura e Urbanismo (CDARQ), que têm maquetes e acervos de fotos.

Por conta das obras, algumas construções podem estar indisponíveis para visitação neste ano. É o caso do Museu Castelo, que está fechado durante o mês de março.

Além de turismo histórico, Paranapiacaba tem turismo ecológico e é sede de eventos, como o Festival de Inverno e o Festival do Cambuci.

A estudante Laís Cabral, 24, foi uma das 50 mil pessoas que visitaram a cidade durante o Festival de Inverno de 2015, em julho. Mesmo com o frio ela não deixou de provar o sorvete de cambuci, uma iguaria local.

A fruta típica da região levou 40 mil pessoas ao povoado em abril do ano passado. Mesmo fora de época é possível encontrar geleia, doces e até cachaça de cambuci.

Os festivais são uma estratégia para tornar a vila mais conhecida, segundo Mota. De acordo com ele, hoje a maior parte dos visitantes vem da capital e de cidades do ABC, principalmente Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires.

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