Pequena Vila Buarque se renova com festas jovens e estudantes
Espremida entre Higienópolis, Santa Cecília, Consolação e República, a Vila Buarque tem ganhado nova vida com a chegada de novos empreendimentos e moradores, sobretudo jovens estudantes.
O pequeno bairro tem como atrativos a proximidade com duas estações de metrô (República e Santa Cecília), com o shopping Higienópolis e com uma rede de comércio renovada, moldada para atender a esse perfil mais recente de morador.
"A chegada de um jovens trouxe blocos de Carnaval, atividades sobre o Minhocão, restaurantes, cafés. Só falta um pouco de reconhecimento da existência do bairro. Muita gente que mora na Vila Buarque ainda diz que mora em Santa Cecília", afirma a produtora cultural Letícia Spindola, 30, que vive ali há quatro anos.
O desconhecimento se deve, em grande parte, pelo próprio tamanho do bairro: a Vila Buarque é composta por cerca de 13 ruas, como Major Sertório e Dona Veridiana (onde ficam a Universidade Presbiteriana Mackenzie e a Santa Casa).
Raquel Cunha/Folhapress | ||
Apartamento decorado no edifício Genuíne Higienópolis |
Há dez anos no bairro, o professor americano Jason Kolojeski, 43, lembra que, quando começou a morar na região, havia muitos pontos de prostituição e bem menos gente circulando pelas ruas.
Com o passar dos anos, esse cenário mudou, segundo ele, e as ruas próximas ao seu apartamento de 30 m² passaram a ser ocupadas por estudantes universitários.
"Eu moro a um quarteirão do Mackenzie. São dezenas de mesas de bar espalhadas pelas calçadas e muita gritaria", afirma. O barulho incomoda tanto que Kolojeski quer sair do bairro. "Quem mora perto do metrô deve ter uma experiência melhor do que a minha."
VALORIZAÇÃO
Segundo a consultoria imobiliária Geoimovel, os novos empreendimentos do bairro têm um ou dois dormitórios e custam, em média, R$ 12.250 por metro quadrado.
O valor é superior ao cobrado em bairros considerados mais nobres na região central, como a Aclimação, por exemplo, onde o preço médio do metro quadrado é de R$ 11.672 para unidades com dois dormitórios.
A chegada de prédios destinados a classes mais altas ajuda a valorizar a região. O recém-lançado Genuíne Higienópolis, da Think Construtora, é um exemplo desse tipo de empreendimento.
Próximo da estação Santa Cecília do metrô, o edifício oferece opções de unidades que vão de estúdios até dois quartos, com metragem entre 36 m² e 61 m². O condomínio tem piscina com deck, espaço relax, cinema ao ar livre e churrasqueira, entre outras opções de lazer e serviço. O preço médio do metro quadrado é de R$ 13 mil.
"Apesar de o preço do metro quadrado ser alto, o valor final cabe no bolso do comprador porque as plantas são compactas. O bairro tem alta rentabilidade para investidores", afirma Celso Amaral, diretor da Geoimovel.
Valter Caldana, diretor da faculdade de arquitetura e urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, alerta para um dos efeitos dessa reurbanização, chamado de gentrificação, que ocorre quando a valorização de uma área acaba por expulsar antigos moradores e frequentadores do bairro.
"Há 40 anos, as pessoas foram sendo afastadas do centro da cidade. A presença do Minhocão, por exemplo, promoveu um esvaziamento artificial do centro. Existe uma tendência natural de retomada dessa área, mas ela precisa ser feita de forma democrática", afirma Caldana.