Perdizes/Vila Leopoldina

Galpões industriais viram estúdios de cinema e TV na Vila Leopoldina

Quando Andrea Barata Ribeiro, uma das sócias fundadoras da O2 Filmes, pisou pela primeira vez no galpão onde agora está instalada a produtora, na Vila Leopoldina, duvidou que aquele espaço "horrível" pudesse se transformar num lugar sofisticado.

Era início dos anos 2000, e a O2 precisava deixar às pressas o Alto de Pinheiros "por ter crescido demais". A Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo, com seus armazéns de dimensões generosas, parecia uma boa saída.

De lá para cá, o baixo valor dos imóveis, a oferta farta de espaço -legado da antiga atividade industrial- e o fácil acesso às marginais Pinheiros e Tietê foram determinantes para atrair ao bairro a O2 e outras produtoras de cinema e TV, estúdios e agências de publicidade.

Karime Xavier/Folhapress
SÃO PAULO / SÃO PAULO / BRASIL -25 /02/16 -10 :00h - Retrato de José Alexandre Silva (Dudu), gerente comercial dos estúdios Quanta ( Foto: Karime Xavier / Folhapress). ***EXCLUSIVO***MORAR
José Alexandre Silva (Dudu), gerente comercial dos estúdios Quanta

Longas como "Cidade de Deus" (O2), "Titãs -A Vida Até Parece uma Festa" (Academia de Filmes) e séries como "Sessão de Terapia" (Estúdios Quanta) e "Serra Pelada" (Paranoid), foram produzidos ou gravados na região, que reúne pelo menos 15 produtoras.

A concentração é vantajosa, segundo Paulo Schmidt, sócio da Academia de Filmes e presidente da Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais (Apro). "Vamos compartilhar a mesma infraestrutura, os mesmos estúdios, locadores de equipamentos e profissionais."

Outro a enxergar vantagens é José Alexandre Silva Filho, gerente comercial da Quanta, complexo com 15 mil metros quadrados que reúne cinco estúdios, três empresas e uma loja especializada em equipamentos. "Acho ótimo. Isso é comum no mundo todo."

TRANSFORMAÇÃO

A chegada de empresas do setor audiovisual mudou a feição do bairro, ajudando a desenvolver toda uma cadeia de comércio, destaca o representante da associação Viva Leopoldina, Carlos Alexandre de Oliveira. "Ele deixou de ser industrial para seguir sua vocação empresarial. Eu acredito que, em futuro próximo, também será um polo gastronômico. Já vejo sementes disso."

O "charme de um bairro em transformação" influenciou na escolha dos diretores da Paranoid pelo lugar. Há um mês, a produtora de filmes e conteúdo publicitário trocou uma rua no Alto de Pinheiros pela avenida Mofarrej. "Nós já namorávamos a Vila Leopoldina há algum tempo", conta o sócio e produtor executivo Egisto Betti.

O bairro transformado em reduto de produtoras de cinema e TV ganhou recentemente um equipamento cultural que dialoga com essa linguagem e com a população local.

Há 15 anos na avenida Imperatriz Leopoldina, a Associação Cultural Videobrasil mantém um acervo de obras e publicações reunido desde a primeira edição do Festival Videobrasil, no início da década de 1980. Em outubro de 2015, a associação inaugurou o Galpão VB, primeiro espaço com programação de artes visuais da Vila Leopoldina.

"Não faz sentido ter um acervo dessa importância só para conservar. A ideia é fazer com que essas obras também cheguem ao público", afirma a curadora e diretora da Videobrasil, Solange Farkas.

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