Perdizes/Vila Leopoldina

Único parque de Vila Leopoldina, Villas-Bôas está fechado por ordem da Justiça

A Vila Leopoldina faz jus ao apelido "selva de pedra" que São Paulo carrega. O bairro só tem um parque público, o Orlando Villas-Bôas, fechado desde março de 2015 por determinação da Justiça.

Há suspeita de contaminação no local porque lá funcionou a sede de uma unidade de tratamento de esgoto da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo).

Além disso, a Sabesp, dona do terreno cedido à prefeitura, exige o ressarcimento do IPTU de 2014 e 2015. Segundo a companhia, o acumulado devido chega a quase R$ 2 milhões.

A prefeitura diz que cumpre a determinação judicial e aguarda os resultados do estudo da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) sobre a contaminação.

O impasse fez com que a comunidade perdesse a única opção de lazer, e a moradora do bairro Fernanda Campos Luiz, 34, ficasse sem o emprego. Ex-administradora do parque, ela lamenta o abandono do local. "O mato está com quase dois metros de altura e há focos do mosquito Aedes aegypti."

O esporte da região também foi prejudicado. O time de futebol americano Cronos treinava no parque desde 2010. Com o fechamento, mais de 150 atletas das equipes masculina e feminina, passaram a treinar em Osasco (Grande São Paulo) e numa academia do bairro.

"O parque era um dos poucos da cidade que apoiavam esportes alternativos. A maioria do time era da região, e, com a distância, perdemos atletas em todas as categorias. O time infantil praticamente acabou", afirma o treinador, Marcelo Cabral.

CHÁCARAS E GALPÕES

Nos anos 1930, a Vila Leopoldina era cheia de chácaras, com exemplares de mangueiras, jaqueiras, mexeriqueiras e jequitibás.

Mais tarde, nos anos 1940, a região foi disputada por grandes indústrias, que tomaram o lugar das chácaras. Hoje, as fábricas estão sendo substituídas por prédios.

Segundo dados da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, o índice de áreas verdes públicas por habitante na região é de 4,75 m². O recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é de 12 m² por habitante.

Estudos com satélites termais feitos pela professora do departamento de planejamento territorial da Unesp, Magda Lombardo, mostraram que o gradiente de calor -diferença de temperatura nos pontos da cidade- aumentou nos últimos anos. As ilhas de calor se concentram em antigas áreas industriais como a Vila Leopoldina.

"Enquanto na região da serra da Cantareira a temperatura média é de 18 graus Celsius, na Vila Leopoldina chega aos 25 graus Celsius", afirma Lombardo.

Para o diretor de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica Mario Mantovani além das poucas áreas verdes, o grande número de prédios da região ajudam a aumentar a temperatura.

"Os corredores de prédios limitam a circulação do ar e a dispersão dos poluentes."

A Secretaria de Coordenação das Subprefeituras afirma que 741 plantios de árvores foram realizados em 2015 na região da Subprefeitura Lapa -a qual pertence a Vila Leopoldina e outros cinco distritos da zona oeste, entre eles Perdizes. A secretaria não sabe estimar quantas mudas foram plantadas especificamente no bairro.

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