Santana/Casa Verde

Metrô promete levar desenvolvimento para além de Santana e Casa Verde e valoriza m²

Raquel Cunha/Folhapress
Vista a partir da varanda do empreendimento Salete Santana
Vista a partir da varanda do empreendimento Salete Santana

A zona norte de São Paulo colhe efeitos do "boom" que viveu entre 2011 e 2015, quando 19.365 imóveis foram lançados lá, segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio).

Impulsionada pela valorização nos distritos de Santana e Casa Verde, que concentraram 20% dos lançamentos no período, a zona norte teve a maior proporção de imóveis novos vendidos na cidade no primeiro semestre de 2016, segundo o Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário).

Embora o valor geral de vendas tenha caído 40% entre 2014 e 2015 -efeito da crise-, a região mantém seu potencial de desenvolvimento e tende a se valorizar mais.

"A demanda fará os preços aumentarem. É uma região qualificada, tem fácil acesso ao centro, às marginais e ao aeroporto de Guarulhos, além de ser próxima do metrô e de ter recebido novos shoppings. Isso orientou os investimentos dos últimos anos", afirma Celso Amaral, diretor corporativo da consultoria imobiliária Geoimovel.

Segundo Eduardo Leite, diretor da Cyrela, Santana e Casa Verde são os bairros mais explorados e com menos terrenos -por causa, também, da lei de zoneamento, que restringe a altura das construções próximas ao aeroporto Campo de Marte. "É natural que essas regiões se tornem mais caras, independentemente da crise."

De acordo com ele, a tendência é que os prédios se espalhem por bairros mais afastados, como por exemplo Freguesia do Ó, Vila Maria e Vila Guilherme -onde a Cyrela lançou, no ano passado, um empreendimento com apartamentos de 60 a 80 metros quadrados.

"Há resquícios de áreas industriais não aproveitadas na Vila Maria e na Vila Guilherme, próximas do shopping Center Norte. No segundo semestre, temos planos para lançamentos no Tucuruvi e no Mandaqui", afirma Leite.

Octávio Flores, diretor da Gafisa, afirma que está cada vez mais difícil comprar terrenos para novos edifícios na zona norte, "porque os moradores, famílias tradicionais portuguesas e espanholas, não querem vender".

O bairrismo é uma característica comum entre habitantes da zona norte. Nascido em Maceió (AL), o fotógrafo Alexandre Facciola, 29, vive no Jardim São Bento desde que se mudou para São Paulo com os pais, aos 5 anos.

"Aqui tem lojas e shoppings com todas as marcas, a avenida Brás Leme, restaurantes disputados e é relativamente perto do centro, só que menos poluído e mais arborizado. Além disso, tudo é até 30% mais barato, se comparado com outras regiões."

METRÔ EM 2020

Outro fator que pode influenciar no desenvolvimento da região, aponta Leite, é a previsão da inauguração, em 2020, da linha 6-laranja do Metrô, que fará integração com a linha 1-azul e conectará o centro à Brasilândia, no extremo da zona norte.

Um levantamento com base em dados do Secovi-SP mostrou que o metro quadrado nos bairros Freguesia do Ó, Morro Grande e Brasilândia foi valorizado em 30% com o anúncio das obras.

A alta em Brasilândia chama a atenção, em especial. O valor médio do metro quadrado saiu de R$ 3.113, em 2012, para R$ 5.269, em 2015, segundo dados da Embraesp.

"A região de Santana consolidada é cara e limitada pela disponibilidade de terrenos há muitos anos. Essa nova linha passa por uma região com potencial não explorado e abre uma fronteira de desenvolvimento para padrão popular e médio", diz Reinaldo Fincatti, engenheiro e sócio da Embraesp.

A valorização por conta do metrô na zona norte não é uma novidade, diz o arquiteto Gilberto Belleza do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU-SP).

"A mobilidade sempre foi um entrave ao desenvolvimento da região, que passou a se aproximar da área central 40 anos atrás, com a linha 1-azul. O metrô beneficiou áreas intermediárias como o Jardim São Bento e a Casa Verde. A mesma coisa está acontecendo agora com Tucuruvi e Mandaqui."

Bairros da Série