Santana/Casa Verde

Pouco verticalizado, Tremembé tem apelo de cidade do interior

Raquel Cunha/Folhapress
Residencial Alameda Floresta
Residencial Alameda Floresta

Com poucos prédios, o distrito do Tremembé, no extremo norte de São Paulo, vangloria-se por manter o espírito de cidade pequena dentro de uma das maiores metrópoles do mundo.

A paisagem do local, no entanto, tem sofrido transformações, causadas em parte pela chegada de uma nova leva de moradores. Nos últimos 20 anos, a população do Tremembé cresceu quase 60%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da Prefeitura de São Paulo.

A proximidade com áreas verdes, como o parque estadual da serra da Cantareira, e o preço –mais barato do que o de outras regiões da zona norte– são os principais atrativos da região.

Enquanto o valor médio do metro quadrado de um apartamento novo em Santana é de R$ 8.818, no Tremembé cai para R$ 6.986, de acordo com dados da consultoria imobiliária Geoimovel.

Lucas Vargas, chefe de operações do portal imobiliário VivaReal, conta que a demanda por apartamentos tem aumentado na região e hoje corresponde a 25% das buscas do bairro feitas no site.

E as construtoras estão de olho nisso. Em 2014, a Eztec entregou dois empreendimentos na região. O Vivart Tremembé oferece apartamentos de dois e três quartos, com 59 m² e 78 m², e uma ou duas vagas de garagem. Um apartamento de 77 m², com três dormitórios e uma vaga, custa R$ 472 mil.

Segundo a construtora, o público-alvo do empreendimento são solteiros, recém-casados ou casais mais velhos sem filhos, que buscam ampla estrutura de lazer e serviços tipo "pay-per-use".

TROCA

A oferta de produtos de qualidade a preços competitivos atrai, segundo a Eztec, moradores do próprio bairro, muitas vezes famílias que pagam aluguel ou vivem em casas, além de habitantes de Santana, Tucuruvi e Jaçanã.

É o caso de Tony de Faria, 42, analista de sistemas, que trocou um apartamento alugado em Santana por um imóvel próprio no Tremembé.

Faria elogia a tranquilidade do bairro, mas diz sentir suas mudanças. Quando era pequeno, morava no Tucuruvi e conta que "só se via a serra" quando olhava para o Tremembé. "Com o crescimento e a transformação de pequenos terrenos em condomínios, a cobertura vegetal tem diminuído", diz o arquiteto e urbanista Rodrigo Tristão.

Dados da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente mostram que, em 2013, a cobertura vegetal na região do Tremembé/Jaçanã era de 51,8 metros quadrados por habitante. O número é quase um terço menor que o de 2012: 152,8 m²/habitante.

A advogada Juliana Delcó, 23, mora há nove anos em uma casa no bairro de Palmas do Tremembé. Mas ela também já migrou pela zona norte: nasceu em Santana e morou na Parada Inglesa. "Meu pai sempre morou por aqui. Ele e minha mãe gostam desse afastamento do centro."

"Pela qualidade de vida e o contato com a natureza, as pessoas que moram no Tremembé ou acabam se acostumando à distância do centro ou desenvolvem sua vida toda ali mesmo", afirma Lucas Vargas, do portal VivaReal.

DESLOCAMENTO

Juliana Delcó diz que vai a banco, farmácia e supermercado a pé. "Mas, para todo o resto –trabalho, estudo e lazer–, preciso planejar o dia em função do deslocamento para outras regiões."

Rodrigo Tristão explica que o relevo fortemente acidentado da área "resulta num bairro marcado pela descontinuidade no traçado viário e falta de conexões entre diversos setores que o compõem".

Delcó e Faria comentam que o trânsito nas vias do distrito piorou bastante, sobretudo na avenida Nova Cantareira e no seu cruzamento com a rua Maria Amália Lopes Azevedo.

Segundo eles, os problemas de segurança também têm aumentado.

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