Tatuapé/Mooca

Lá onde eu moro: veja relatos de quem vive nos bairros do Tatuapé e Mooca

Moradores do Tatuapé e da Mooca contam como é a vida na região.

Zé Carlos Barretta/Divulgação
Sérgio Rosa, do grupo Demônios da Garoa
Sérgio Rosa, do grupo Demônios da Garoa

SÉRGIO ROSA, 60
Integrante do Demônios da Garoa

Moro há dois anos no Anália Franco, mas nasci e vivi a vida inteira na Mooca, um bairro sensacional. Eu morava perto do estádio do Juventus. Era bem movimentado e tinha praças para caminhar.

Os moradores da região são muito bairristas. Todo mundo é juventino, mesmo que seja corintiano, palmeirense ou são-paulino também. Outra característica de que me lembro é que lá tem bastante rua esburacada.
Quando a gente viajava dormindo no ônibus, eu já sabia que tinha chegado no bairro por conta da buraqueira.

Mudei de lugar, mas continuo na zona leste. O Anália Franco é fantástico, é o portal da região. Tem o parque Ceret, que ficou muito bacana depois da reforma, e tem um bom shopping. O único porém é que a região está ficando muito cheia.

Gustavo Epifanio/Folhapress
Padre Rosalvino Viñayo, da igreja Nossa Senhora Aparecida
Padre Rosalvino Viñayo, da igreja Nossa Senhora Aparecida

ROSALVINO VIÑAYO, 75
Padre

Em 1981, quando cheguei a Itaquera, disseram que aqui era terra de ninguém. Faltava tudo: escola, emprego, saneamento. Com apoio da população, fundei a associação Obra Social Dom Bosco, que promove atividades educativas e de assistência social.

Em 2000, nasceu a escola de samba Dom Bosco, para atrair a juventude da região. Nos dias de ensaio emendamos a missa com o samba.

Todos esses anos, a associação pressionou o poder público por melhorias no bairro. Vi a expansão da Radial Leste de Itaquera até Guaianazes. Para atrair investimentos, ajudei a trazer o estádio do Corinthians para cá.

Nasci são-paulino, mas depois de ter assumido a paróquia em Itaquera me tornei também corintiano. Hoje, o bairro ainda tem bastante violência, mas já melhorou.

Divulgação
A atriz Lúcia Berta, que vive no Tatuapé
A atriz Lúcia Berta, que vive no Tatuapé

LÚCIA BERTA, 91
Atriz

Vi esse bairro crescer. Vim pra cá quando era criança, em 1934. Saí com minha família do Brás, onde já tinha energia elétrica e água encanada, para morar no Tatuapé. Na época, davam 500 telhas e 1.000 tijolos para quem comprasse um terreno aqui. Ficamos três anos usando velas e tirando água de poços.

Do Tatuapé, dava para ver o cemitério da Quarta Parada, no Água Rasa. Tínhamos medo das luzes do cemitério. Quando anoitecia, eu nem olhava em direção a ele. Agora, com tanto prédio, não dá mais para ver nada. O ar era puro e íamos buscar pão na Padaria Lisboa. Eles ainda têm o melhor pão da cidade.

Antigamente, quando eu dizia que morava no Tatuapé, as pessoas faziam pouco caso. Hoje, ficam admiradas, falam que queriam morar aqui. É um bairro valorizado.

Marcos Finotti/Folhapress
Rodolfo Cetertick, presidente do clube Juventus
Rodolfo Cetertick, presidente do clube Juventus

RODOLFO CETERTICK, 70
Presidente do Juventus

Vim para a Mooca há 68 anos. Morava em uma casa perto da igreja São Rafael. Agora moro em um apartamento ao lado do estádio do Juventus. Sair daqui nunca esteve nos meus planos, é uma coisa de raiz.

Costumamos chamar aqui de 'principado da Mooca', porque é mais do que um bairro. A Mooca é autossuficiente e completa.

A parte gastronômica é excelente, as nossas pizzarias são muito boas, como a São Pedro e a do Angelo. A Esfiha Juventus também é muito conhecida na cidade. E ainda temos ótimos barzinhos, como o Deck e o Zero Grau.

Nos últimos dez anos subiram muitos prédios na região, mas ainda é um bairro familiar, do tipo que os moradores podem colocar cadeiras na calçada para conversar com os vizinhos.

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