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Memorial preserva fotografias que contam a história da Penha

Reinaldo Canato/Folhapress
Francisco Folco, curador do Memorial Penha de França
Francisco Folco, curador do Memorial Penha de França

Hoje tomada por lojas, a rua do Asilo, na Penha (zona leste), já abrigou a sede do governo paulista durante a Revolução de 1924. O prédio, onde também funcionou um posto policial, foi demolido nos anos 1970. Sua memória, porém, é preservada graças a iniciativas particulares como o Memorial Penha de França.

Fundado em 2004 pelo engenheiro aposentado Francisco Folco, 65, o espaço possui um acervo de mais de 300 fotos antigas, obras de arte e jornais restaurados.

"Se a Penha fosse uma cidade, o memorial seria a Secretaria do Patrimônio Histórico", diz Folco, que também é curador do local. Aliás, o espaço funciona na sua casa.

Para manter o projeto, o memorial oferece cursos pagos de Fotografia e História da Arte, ministrados por professores no local. Eles acontecem duas vezes por ano, com início em março e agosto.

MEMÓRIA

Os primeiros registros da Penha de França, um dos bairros mais antigos de São Paulo, datam de 1667. A vizinhança se desenvolveu no entorno da igreja Nossa Senhora da Penha, fundada em 1682, e passou de povoado isolado a bairro de subúrbio movido pelos trilhos da estrada de ferro Central do Brasil.

José Mirelli, psicólogo que de forma voluntária apresenta a história da Penha no memorial, conta que havia no bairro uma casa onde D. Pedro I ficou durante a viagem até São Paulo que resultou na proclamação da independência do Brasil. "Hoje tem uma Caixa Econômica no lugar. Isso descaracteriza o bairro, mata o passado", lamenta.

Para o penhense e arquiteto Valmir Rossignoli, o bairro só conseguiu preservar algumas características por estar longe do Centro, mas ele não acredita que as construções históricas vão durar muito tempo.

"Cedo ou tarde, vão acabar indo ao chão", afirma, apesar do tombamento das igrejas Nossa Senhora da Penha e Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, construída por escravos no início do século 19.

A ONG Movimento Cultural Penha desenvolve projetos de pesquisa do patrimônio histórico e produção cultural. Eles recebem estudantes e realizam celebrações na igreja, com elementos da cultura afro-brasileira.

José Morelli, que já foi padre, é quem conduz as celebrações. Todo mês de junho, a ONG e a comunidade promovem a Festa do Rosário, que recebe grupos de congada, folia de reis e maracatu.

O Centro Cultural da Penha, mantido pela prefeitura, ajuda a ampliar o alcance do memorial. Atualmente ele recebe uma exposição com fotos da instituição.

Para visitar o Memorial Penha de França, é preciso agendar pelo telefone (11) 2092-2319. O espaço fica em uma casa dos anos 1930, na rua Betari, 560.

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