Fanática, torcida lota jogos do time de vôlei feminino de Osasco
Edilson Dantas/Folhapress | ||
Ao fundo, torcida organizada Loucos de Osasco comemora ponto da equipe de vôlei feminino da cidade |
O nome da torcida é Loucos de Osasco. Quem já assistiu a uma partida da equipe de vôlei feminino da cidade entende o porquê: durante as duas horas de jogo, na final do campeonato paulista, na quinta-feira (22), em São Paulo, ninguém fica sentado e muito menos em silêncio.
"Se eu quisesse assistir ao jogo, ficava vendo pela TV. Eu vim mesmo é para torcer", diz Felipe Piacente, 23, vestindo uma camiseta branca e laranja com o nome da torcida.
Um dos mais animados, ele é responsável por puxar grande parte dos gritos. Os demais respondem imediatamente, cantando as músicas do vasto repertório, que tem paródias para todos os gostos: de Alceu Valença a Ritchie Valens, passando por Sidney Magal e Araketu.
Em meio a um lance polêmico, a aparência tranquila e o jeito sorridente da dona de casa Cristina Domingues, 60 se altera. "Juiz ladrão!", ela grita em coro com os demais torcedores.
"Sou a única mais velha aqui, mas não estou nem aí, grito, xingo mesmo" diz ela, que é coordenadora da torcida e ajuda a organizar caravanas quando o time joga em outras cidades e Estados.
A Loucos de Osasco foi criada em 1998, dois anos depois do surgimento da equipe na cidade. "Os moradores começaram a vir sempre e decidimos nos organizar", conta Júnior Guerardt, 33, que frequenta as partidas desde a criação do time.
O grupo fanático logo chamou a atenção nas arquibancadas, já que, no vôlei, as torcidas costumam ser mais contidas. "Na época, tinha um radialista que sempre falava 'hoje tem um bando de loucos no ginásio'. Aí o nome pegou", conta Júnior.
Hoje, cerca de 300 'loucos' são frequentadores assíduos dos jogos e treinos.
"Nossa torcida é o sétimo jogador em quadra, eles nos mantêm vivos na partida", diz a jogadora Adenízia da Silva. "Eles torcem com o coração, fazem barulho. Isso com certeza ajuda nos jogos decisivos", completa a líbero Camila Brait.
A torcida também é famosa pelas provocações aos adversários. "Burra!", gritava o grupo a cada erro das jogadoras da equipe do Sesi-SP, contra quem disputavam a partida. "Fazemos isso para desestabilizar mesmo", diz Júnior.
Mas eles garantem que é tudo brincadeira. "Nosso mascote é o Taz [personagem do Looney Tunes], que é como nós, endiabrado por fora, mas gente boa por dentro."
O time é motivo de orgulho na cidade. "Temos time de futebol também, mas o pessoal torce mesmo é pro vôlei", conta o morador Itamar David, 40, vestindo a camiseta branca e laranja da torcida.
"Quando tem jogo, passa até carro de som avisando pelas ruas. Lá no Liberatti [ginásio oficial do Osasco], sempre fica lotado", diz Cristina.
Mas nem só de osasquenses é feito o grupo. O estudante Carlos Eduardo Pereira, 27, veio de Manaus só para ver a final. "Conheci o Osasco pela televisão e virei fã. Quando o time chegou à semifinal eu já comprei a passagem."
A viagem não foi em vão: o time venceu por três sets a um, mesmo jogando fora de casa, e teve comemoração com direito a chuva de papel picado na arquibancada.
A decisão pode ser neste domingo (25), no jogo de volta, que será no ginásio José Liberatti, em Osasco. Se a equipe vencer novamente, ganha o campeonato; se perder, um novo jogo será marcado. "Vai ter caldeirão!", prometem os torcedores.