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Santana/Guarulhos

Com igrejas e restaurantes, armênios mudaram bairros da ZN

Raquel Cunha/Folhapress
Igreja Apostólica Armênia, na avenida Santos Dumont
Igreja Apostólica Armênia, na avenida Santos Dumont

"Teu filhos, quando adormecem, mãe Armênia, te sonham em línguas estrangeiras". Impresso na estação do metrô que leva o nome do país, o verso da poetisa Diana Der-Hovanessian reforça: a região em torno da parada -o bairro da Luz, fronteira com a zona norte- é território dos que carregam no sobrenome o sufixo "ian" (algo como "filho de").

Os armênios começaram a chegar ao país nos anos 1920, fugindo do genocídio promovido pelo Império Otomano, em 1915. Como no caso de diversos povos que aportaram no país, o centro de SP (Luz e Bom Retiro, especificamente) foi o destino inicial.

Com o passar dos anos e das gerações, a comunidade se espalhou pela capital, e chegou ao "lado de lá" do rio Tietê, a zona norte. Atualmente, cerca de 100 mil descendentes de armênios vivem no país; 40 mil em São Paulo.

É o caso do padre Yeznig Guzelian, 60, que vive com um pé em cada lado do rio. Morador do Jardim São Paulo, em Santana, que define como "maravilhoso", ele se divide entre a Igreja Apostólica Armênia e o Externato José Bonifácio, ambos na avenida Santos Dumont.

Os armênios têm uma regra, diz o padre: subiu uma igreja, é preciso construir uma escola. "Na diáspora, todas as igrejas têm um colégio anexo. A religião faz parte da identidade cultural", afirma.

De fato, a região do "lado de cá" do rio abriga ao menos outros dois templos frequentados pela comunidade, um evangélico e outro católico.

E há quem frequente os três, como Iskouhi Dadian, apresentadora, há dez anos, do programa de rádio "Armênia Viva". Aos risos, ela diz que o fato de ser conhecida entre armênios lhe rende convites para algumas visitas.

Raquel Cunha/Folhapress
Padre Yeznig Guzelian
Padre Yeznig Guzelian

CAMINHO

Garabed Deyrmendjian seguiu à risca o roteiro. Chegou ao Brasil na década de 1920, morou no bairro da Luz e, em 1951, abriu a Casa Garabed, em Santana, famosa pelas esfihas assadas em forno a lenha. Hoje, o restaurante é administrado por seu filho Roberto, 57, que mora no bairro desde que nasceu.

Roberto nem sempre cuidou da Garabed. Durante parte dos anos 80, quando a casa ficou fechada, ele trabalhou como operador de trem da linha 1-azul do metrô.

"No dia em que a estação Ponte Pequena ganhou o nome de Armênia, o operador do primeiro trem, das 5h, era um armênio", diz. O segundo, das 5h02, era comandado pelo próprio Roberto.

Armando Deyrmendjian Filho leva no próprio sobrenome o ofício a que se dedica atualmente: tocar a esfirraria Effendi, inaugurada em 1973 por seu avô, na região da Luz. Segundo ele, "Deyrmendj" significa "aquele que mexe com farinha".

Ele conta que ainda mantém uma tradição inaugurada por outras gerações da família: fazer esfihas sob encomenda. "Os clientes trazem o próprio recheio e nós entramos com a mão de obra, o forno e a massa." Os domingos, diz, costumam ser agitados, já que a comunidade tem o hábito de servir as redondinhas no almoço pós-missa.

ONDE COMER

Effendi
Rua Dom Antônio de Melo, 77, Luz. Tel: (11) 3228-0295
Funcionamento: De terça a sexta, das 8h às 16h; sábado, das 8h às 15h30; domingo, das 9h às 14h30

Casa Garabed
Rua José Margarido, 216, Santana. Tel: (11) 2976-2750
Funcionamento: De quarta a domingo, de 12h às 21h

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