Área das avenidas Faria Lima e Berrini atrai moradores executivos
Se São Paulo é a capital financeira do país, há uma região que é responsável por grande parte da fama: os distritos de Itaim Bibi, Moema, Jardim Paulista e Morumbi. Lá se concentra uma ampla parcela do empresariado e do dinheiro que circula na cidade.
O perfil de moradores não poderia ser outro. Cercada pelo aeroporto de Congonhas e grandes avenidas comerciais -Berrini, Faria Lima, Cidade Jardim, entre outras- a zona é um reduto de executivos.
O principal deles é o Itaim Bibi, que reúne 77,5% dos empreendimentos lançados nos últimos cinco anos com imóveis disponíveis, segundo a consultoria Geoimovel. O distrito, com bairros como Cidade Monções e Vila Olímpia, tem 1.634 dos 2.107 apartamentos novos à venda.
Raquel Cunha/Folhapress | ||
Piscina na cobertura do edifício Arizona 701, no Brooklin |
Da cobertura do edifício FL Residence, das incorporadoras Stan e SDI, uma piscina com vista para prédios espelhados resume o que os moradores querem: conforto, proximidade com o trabalho -e um pouco de ostentação.
Após 15 anos indo e vindo de Porto Alegre para São Paulo, o empresário Rogério Sfoggia, 41, decidiu se instalar no prédio em março deste ano. "Tudo o que me interessa está na zona sul. Aqui tenho meu escritório, meus clientes, bons restaurantes", diz.
A localização parece ser pré-requisito para os executivos mais jovens. Quando Leandro Toth, 29, administrador de empresas, se mudou do Rio para cá, no começo do ano, ele buscou apenas opções próximas ao trabalho.
"Demoro dez minutos a pé e ainda consigo almoçar em casa", afirma Toth.
Os moradores também são atraídos pelas regalias dos empreendimentos. O FL Residence, que ainda tem unidades à venda a partir de R$ 998 mil, é padrão AAA: além de limpeza e lavanderia, há serviço de abastecimento de geladeira e manobrista.
O tratamento VIP custa caro. O preço médio do metro quadrado dos lançamentos à venda fica em torno de R$ 16 mil, contra cerca de R$ 12 mil na zona oeste.
O morador da região pode pagar. Nos distritos de Itaim Bibi, Moema, Jardim Paulista e Morumbi, 33,68% dos domicílios ganham mais de 20 salários mínimos, segundo o último censo do IBGE.
MISTURA
Brasileiros de várias partes do país e gringos que vêm a trabalho elegem a região como sede. Entre os estrangeiros, o bairro favorito é a Vila Nova Conceição, afirma Silvia Makansi, gerente da Anglo Americana Imóveis, especializada em encontrar casas para expatriados. Moema, Itaim e Jardins são outras áreas bastante procuradas.
A maior parte dos imóveis à venda tem um quarto, mas, sem aperto -há opções de 85 m², como o Único Itaim.
A oferta acompanha a demanda: desde 2009, Makansi observa uma onda de executivos jovens e solteiros. "Antes vinham mais famílias. O perfil está mudando", diz.
Para o urbanista Valter Caldana, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a tendência é que famílias se concentrem nos miolos dos bairros, enquanto solteiros e casais sem filhos prefiram eixos de transporte, próximo às vias principais.
RESIDENCIAIS LEVAM VIDA NOVA À BERRINI
Conhecida por abrigar escritórios de multinacionais, a avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini está mais residencial. No momento, 18 empreendimentos têm imóveis novos à venda nos bairros de Brooklin e Cidade Monções.
Na opinião de quem já mora por lá, a chegada dos condomínios trará mais vida à região. "Com poucas moradias, o entorno da Berrini fica deserto após o horário comercial e nos finais de semana, o que aumenta a sensação de insegurança no bairro", diz a arquiteta Milena Bingre, 32, que se mudou para uma travessa da Berrini há pouco mais de um ano.
"O Brooklin não é um bairro superpovoado, grande parte dos terrenos é ocupada por residências unifamiliares", complementa.
Para Gilberto Belleza, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, os novos empreendimentos também devem modernizar a região e atrair mais comércio e serviços.
O lado ruim é que também podem piorar o trânsito. "As vias de circulação já estão saturadas, o bairro virou rota de passagem", reclama Milena. Foi para fugir do trânsito que ela saiu do Campo Belo, também na zona sul. Na época, gastava cerca de uma hora para ir de casa ao trabalho. Hoje vai a pé.
"Se não há contrapartida por parte dos empreendimentos, a situação dos congestionamentos pode piorar, sim", afirma Alessandro Francisco, que é professor da pós-graduação em negócios imobiliários da Faap.
O problema não é de hoje. A empresária Lucia Almeida, 54, se mudou para o Brooklin há 12 anos também para fugir do trânsito. "Agora, moro a duas quadras do trabalho", conta.
Apesar do enrosco no tráfego, Lucia só vê vantagens em morar no bairro. Em um raio de 150 metros, ela encontra praticamente tudo de que precisa: de supermercados a academias de ginástica e restaurantes. "Praticamente não preciso de carro", diz.